quinta-feira, 17 de julho de 2008


A Essência em Fazer Trilhas Ecológicas Visando Ser Um Trilheiro "Good Chap"


Quando falamos no desenvolvimento de trilhas ecológicas, não devemos apenas imaginar como um serviço a ser oferecido pelos equipamentos turísticos aos seus visitantes, ou conceituando como uma atividade pertencente ao segmento do Ecoturismo ou Turismo de Aventura.

Basicamente, quando se fala em trilhas ecológicas, ocorre uma restrição a quatro focos principais. A saber:

• Aprender o desenvolvimento do Ecoturismo “in loco” com o funcionamento do seu Ecossistema;
• Reconhecer a importância da preservação do Meio Ambiente;
• Desenvolver a Ecopedagogia, buscando despertar a consciência ecológica nas pessoas de forma prazerosa, criativa e educativa;
• TEAL – Treinamento Experiencial ao Ar Livre (início em 1990). Tudo é transmitido por sensações e não por conceitos;

O meu verdadeiro intuito nesse artigo, é justamente mostrar um outro viés na prática de trilhas ecológicas. Ou seja: A interação e integração com outras culturas, tradições e principalmente uma valorização da vida como um todo na nossa biosfera.

Necessitamos abolir a visão errada dado a ciência Ecologia nos anos 70, onde o cuidar do “bichinho” e da “plantinha” era fazer Ecologia. Por conta desse olhar lúdico dado a ciência Ecologia, que nós ambientalistas sofremos com inúmeras ideologias quando atuamos com Educação Ambiental, onde vez por outra, somos enquadrados como pessoas sonhadoras, ociosas e que andam em macha ré frente ao desenvolvimento do progresso.

Bem sabemos, que ao planejarmos nossas ações é necessário associar princípios de Economia e Ecologia, duas ciências, que cuidam, em última análise, da “organização da casa”. Mas, devemos inserir a esse conceito a palavra “bio”, e refletirmos em uma palavra nova, ainda não pertencente ao conhecimento comum das pessoas, que é a ECOBIONOMIA, que nada mais é do que “o dever de se cuidar da casa e da vida”.

Dessa forma, ouso conjecturar, o que eu considero ser um outro foco importante no desenvolvimento de trilhas ecológicas, na qual é inserida em uma visão da Ecobionomia, partindo de um fato real vivido pelo americano George Matthew Schilling, que deu a sua volta ao mundo a pé em 03 de Agosto de 1897 a 1904 (em sete anos). Na ocasião, ele não imaginava que iria surgir à atividade de trilhas ecológicas dentro de um segmento do Turismo Rural, chamado de ECOTURISMO.

Assim, pensando no pioneirismo de Schilling, é que desenvolvo esse meu artigo, onde sem fazer uso de uma pesquisa aprofundada sobre esta grande façanha então realizada, ou ter feito uma leitura autobiográfica de Schilling, faço a seguinte pergunta: Qual seria o motivo que fez Schilling fazer esta caminhada?

Evidentemente, que irei penetrar no campo das suposições, ao tentar responder esta pergunta. Mas permitam-me fazer uso desse campo, no qual entendo ser muito representativo no desenvolvimento de nossas trilhas, sejam elas no meio do Mato, ou até em nosso cotidiano de Vida.

Faço crer, que o interesse maior dessa grande caminhada não tenha sido apenas para compor o livro The Guinnes Book, até porque o primeiro recorde só foi registrado em 1955 na primeira edição deste livro, que citou a distância que estariam da Terra os corpos celestes então conhecidos. Como também, não acredito que tenha sido uma aventura de alguém desocupado que não tinha nada de interessante a fazer, ou de um excêntrico e quem sabe de um louco.

Na verdade, imagino que houve uma grande expressão pelo valor à vida em sua forma simples, bem como, ao respeito às outras culturas e ao sentimento de liberdade que emana de todos nós. Evidentemente, que não posso aqui omitir, a verdadeira autenticidade do legítimo trilheiro que é um "good chap" (expressão antiga inglesa que significa "um bom sujeito"), de dividir experiências com quem tiver interesse, e tratar todos com cortesia e respeito, tendo acima de tudo sensações, e não simplesmente fazer uso dos conceitos relacionados à Psicologia, Pedagogia, Antropologia e Sociologia.

Habitamos em um planeta que possui várias realidades, e cada pessoa tem a sua própria realidade. Como a humanidade vem se deparando com alertas sobre desgraças ambientais, e ao mesmo tempo, vem assumindo um perfil bem comum da política do neoliberalismo, onde resulta em atitudes competitivas e egoístas entre nós mesmos. A realidade própria do trilheiro "good chap", desperta e despertará na consciência das pessoas a compreensão de que a natureza está em constante mutação e responde as intervenções antrópicas no qual necessita de conservação.

Esses trilheiros "good chap" estão mais preocupados com os povos e os meios em que eles vivem. Para isto, ocorre uma valorização dos seus costumes que foram frutos de um legado de gerações que resulta na base de sua cultura. Esses trilheiros não se limitam com o artificialismo de vida existente nos shopping centers. Ou melhor, eles não se apaixonam por finalidades irrisórias que tem por nome a riqueza, a glória, e a soberba. E sim, meçam esforços para compreender e tentar englobar a grande e complexa variedade das experiências humanas, de modo a procurarem à simplicidade e a economia dentro das hipóteses básicas do que é o estado de VIVER.

Outra atitude bem visível no trilheiro "good chap", é a capacidade de você ser bom com as pessoas. Ser útil às pessoas, sem interesse financeiro. Ser generoso. É fundamental se envolver com essas pessoas em suas caminhadas diárias e lembre-se que auras na mesma freqüência positiva sempre se atraem.

Sempre que você adentrar em uma nova cidade ou trilha, tenha a convicção de que tudo vai dar certo. Confie na "FORÇA" positiva, ela realmente existe e atrai outros semelhantes positivos. Não pense ou haja negativamente, pois o mundo encontra-se cheio de pessoas mau-caráter, oportunistas que não merecem serem qualificadas como seres humanos.

Por último, entendo que o trilheiro "good chap" tem em mente uma filosofia de vida baseada em um pensamento do escritor Mário Lago. Ou seja: "Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia agente se encontra".


Oxalá, que todos nós sejamos legítimos Trilheiros "Good Chap”.

Prof. Audemário Prazeres
Trilheiro a pé há 23 anos
audemario@gmail.com

2 comentários:

Sítio Pedra Solta disse...

Mais uma vez vc surpreende com a atitude de socializar suas experiências em ecoturismo com o público em geral, fico feliz pela iniciativa, parabéns meu grandioso amigo!!

A gente se vê nas próximas aventuras!!

Sucesso e fortíssimo abraço!

Unknown disse...

Oi Audemário lembra de me sou a bombeira civil Cristina tive a honra de participar de uma trilha com você e o pesssoal do rapel irmãos em trilha.Gostaria de participar novamente mais agora de uma caminhada mais longa.Meu email é cristinaamadeu@hotmail.com fica com Deus.